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PRETO NO BRANCO

Maurício Assumpção: desastre em seu último ano de mandato no Botafogo. (Foto: Cleber Mendes/Lance Press)

Terra arrasada. Caos. O Botafogo de Futebol e Regatas passa por uma das maiores crises de sua história mais que centenária. Do apelo do presidente Mauricio Assumpção à Presidenta Dilma Roussef até a faixa dos próprios jogadores expondo claramente os atrasos salariais, o clube carioca tornou-se refém de si mesmo. E tudo reflete dentro de campo. O clube da estrela solitária acaba de entrar na zona de rebaixamento, e por lá promete ficar. O esperançoso torcedor alvinegro vislumbrava ver o Glorioso alçar vôos maiores devido à participação na Libertadores, após 18 anos de ausência. Infelizmente, se vê num tremendo pesadelo, daqueles de acordar suando frio, na calada da noite. O momento pede atitude dos botafoguenses que tanto amam o tradicional clube da Zona Sul carioca.

Essa história tem início ainda em 2013. O Botafogo, em vias de ser campeão carioca, viu seu estádio, o famoso Engenhão, ser fechado às pressas em decorrência de um suposto risco de desabamento da cobertura. Teorias de conspiração (ou não) pipocam de todos os lados. A principal delas, é a de que o estádio João Havelange foi interditado para beneficiar o consórcio responsável por gerir o Maracanã, na época recém entregue após exuberante reforma. Neste momento, o alvinegro de General Severiano passa a conviver, publicamente, com seríssimos problemas financeiros. Apesar de todos os percalços, a equipe liderada por Seedorf e cia. conseguiu ser campeã carioca e beliscou um 4º lugar no Campeonato Brasileiro, garantindo vaga no torneio mais importante do continente, a Libertadores.

A empolgação da torcida, ávida para ver o clube reencontrar o caminho das Américas, logo foi diminuindo. Necessitando de dinheiro, o Botafogo pôs na "prateleira" grande parte do seu elenco. Até o técnico Oswaldo de Oliveira seguiu seu rumo. Quem vibrava com Seedorf e Rafael Marques teve que se contentar com Wallyson e Jorge Wagner para a temporada 2014, sob o comando nada confiável de Eduardo Húngaro, ex-auxiliar técnico e comandante dos juniores. Ainda assim, a torcida alvinegra deu um exemplo de comunhão com o time, sendo a melhor média de público da primeira fase da competição Sul-americana. A equipe, como já era esperado, não correspondeu e esbarrou em suas próprias limitações. A melancólica eliminação na fase de grupos do torneio continental foi doída.


Torcida alvinegra: exemplo de apoio ao time na Libertadores 2014. (Foto: Vitor Silva/SS Press)

O péssimo desempenho dentro de campo passou a ser acompanhado fora dele por Mauricio Assumpção e sua trupe. E vice-versa. A sequência dos acontecimentos é lastimável. O Botafogo foi expulso do ato trabalhista após ser constatada uma sonegação de R$95 milhões. Acredite, NOVENTA E CINCO MILHÕES DE REAIS. A exclusão causou o bloqueio de 100% das receitas alvinegras e o clube  passou a viver uma situação insustentável. Em reunião no congresso para discutir as dívidas dos clubes brasileiros, o presidente alvinegro alegou que o clube poderia se retirar do Campeonato Brasileiro a qualquer momento, em decorrência da caótica situação financeira vivida em General Severiano. Em outras palavras, um pedido de piedade para Dilma. 

Voltando aos assuntos de campo e bola, o Bota precisaria jogar "no limite" em todas as suas partidas para obter resultados expressivos, pois o elenco era de qualidade mais do que duvidosa. Junta-se a isso o fato de parte do elenco sequer receber seus salários, à exceção de Emerson Sheik e Ramirez, emprestados e bancados pelo Corinthians. Neste momento, a torcida do Botafogo precisa levar o time nas costas. Não há outro jeito. Ei, Botafoguense, esqueça as suas mazelas, lamúrias, seus traumas ou qualquer tipo de desconfiança com o clube do coração. A hora é de ajudar. Não há espaço para egoísmo, muito menos para arquibancada vazia. Assim como fez na Libertadores, é hora de mostrar que, de fato, o gigante voltou. Todo time grande precisa de sua torcida e com o Botafogo não há de ser diferente.

Não há Mauricio Assumpção capaz de fechar as portas de um clube com tanta tradição e peso no futebol brasileiro. Torcedor alvinegro, bata no peito e mostre ao mundo o seu orgulho em ostentar a estrela solitária. O momento é emblemático e essencial para a torcida ser a luz na escuridão que domina General Severiano. Mais branco no preto, e não o contrário. Que ninguém seja capaz de calar esse amor. Nem mesmo o próprio botafoguense, que subestima, inexplicavelmente, o seu valor. Reagir é preciso.

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