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Resenha do Brasileirão #3 - ATÉ ONDE O VASCO PODE CHEGAR?



Caros amigos de mesa de bar! Após um longo recesso, tô de volta! Perdoa o sumiço e não desiste de mim, por favor. O Brasileirão começou com tudo, e a terceira rodada do torneio me animou para vir até este espaço escrever um cadinho. O emocionante gol do Nenê no apagar das luzes do clássico carioca de sábado foi o incentivo para falar um pouco além do grande resultado. Quem diria que, após uma estreia tenebrosa, o torcedor cruz-maltino estaria feliz da vida? As duas vitórias consecutivas em São Januário, com apoio incondicional da torcida, trouxeram o ânimo de volta ao clube. Milton Mendes, o rei dos cursos da UEFA, parece ter encontrado um padrão para a equipe, com mínima organização defensiva e compactação das linhas. A pergunta que fica é: até onde o Vasco pode chegar no Campeonato Brasileiro?

Para quem viu o Gigante da Colina do início da temporada sob o comando de Cristóvão Borges, nota-se uma clara evolução, ainda que gradativa, do time. As eliminações na Copa do Brasil (ainda com Cristóvão) e no Carioca reduziram a pó qualquer resquício de otimismo sobre o desempenho do clube no torneio mais importante do país. O desastre contra o Palmeiras apenas corroborou a falta de expectativas. Todavia, os últimos jogos foram uma espécie de alento para os vascaínos, mesmo os mais ressabiados, trazendo de volta uma esperança de dias melhores que estava desaparecida há tempos. Para seguir bem no torneio, contudo, o Cruz-Maltino necessita de ajustes. Vejamos alguns aspectos importantes a serem analisados sobre o Vasco da Gama, de olho na sequência do Brasileirão.


Elenco:
No gol, o uruguaio Martin Silva passa enorme segurança e é incontestável. As suas frequentes convocações para a Celeste preocupam, já que Jordi é um goleiro instável. As recentes chegadas de Paulão e Breno fortaleceram o setor defensivo da equipe carioca, mas ainda é pouco. O possível reforço de Anderson Martins qualificaria a zaga, porém a contratação segue em compasso de espera. Gilberto dá conta do recado na direita, apesar da deficiência crônica na marcação desde os tempos de Botafogo, assim como Henrique pelo lado esquerdo. Faltam reservas que briguem pela titularidade nas laterais, e que sejam reais alternativas de qualidade. 

No meio, Wellington aporta em Sâo Januário como candidato a cão de guarda, pois tecnicamente é superior ao esforçado Jean. Xodó da torcida, Douglas Luiz tem vaga assegurada, qualificando a saída de bola, enquanto Mateus Vital aparece como uma grata surpresa, tendo o jovem Guilherme Costa como postulante à vaga. Bons valores, mas falta maturidade. Talismã do Professor Milton, Yago Pikachu é o preferido para a função de extremo, muito pelo trabalho de recomposição defensiva e boa chegada para os cruzamentos. Na ponta canhota, Kelvin tem função semelhante, acompanhando o lateral adversário e, com a bola no pé, fazendo uso de sua habilidade para jogadas individuais. Ariscos, eles invertem de lado para confundir a marcação em diversas ocasiões. Boa carta na manga do comandante engravatado.


Desta forma, Nenê segue como uma ótima opção no banco de reservas, mas nada além disso. A intensidade que o ex-treinador do Santa Cruz procura implementar em seu sistema de jogo não combina com o estilo do consagrado meia. E talvez o grande problema do Vasco no momento seja a falta de suplentes do mesmo nível, ou que se encaixem no esquema atual. Nomes como Escudero, Andrezinho e Wagner não preenchem os espaços sem a bola e não possuem nem de longe a mesma pegada dos titulares, com problemas físicos já conhecidos, o que mostra um claro equívoco no planejamento do elenco lá no início da temporada. Mas nem tudo é negativo. Vale ressaltar que a equipe "ganhou" um jogador na partida contra o Fluminense. Até então contestado, Manga Escobar se mostrou uma ótima alternativa de velocidade, podendo ser peça importante no andamento da competição.

No ataque, a falta de compromisso de Thalles e o baixo rendimento de Muriqui deixam Luis Fabiano solitário no comando ofensivo. O polêmico atacante fez as pazes com as redes e tem se mostrado bastante participativo, mas deve-se lembrar que já é um veterano, com 36 anos de idade, que muito provavelmente não vai aguentar o tranco das 38 rodadas. Caso Anderson Barros, responsável pelo futebol cruz-maltino, esteja lendo esse post, o ideal seria emprestar Thalles, negociar Muriqui e contratar - pra ontem - um centroavante que tire o Fabuloso da zona de conforto e possa somar à equipe na sua ausência.


Para alçar voos maiores, o Vasco necessita de mais jogadores imbuídos no espírito "batalhador" do time, sendo preciso se livrar de alguns chamados "medalhões". Jogar a responsabilidade nas costas da garotada não é uma boa alternativa, mas pode acabar sendo a única. O gerente de futebol, com o respaldo do filho do chefe, vai precisar trabalhar duro, dada a restrição orçamentária do Gigante da Colina. Serão necessários criatividade e olhar clínico para reforçar o desequilibrado plantel, observando nomes da América do Sul e das séries inferiores. Só após uma renovação do elenco o sonho da hipotética vaga na Libertadores continuará sendo possível.

Tabela:
Grêmio (f), Corinthians (c), Sport (c), Chapecoense (f) e Avaí (c) são os próximos adversários do Vasco. Para mostrar que pode brigar pela sexta colocação, objetivo ainda utópico, o time de Milton Mendes precisa mostrar predicados suficientes nos jogos fora de casa. A goleada acachapante na Allianz Parque ainda está viva, e só uma vitória longe dos seus domínios apagaria essa mancha do primeiro jogo, dando a confiança necessária para os jogos seguintes. A sequência de confrontos na Colina histórica é um ponto pra lá de positivo, e que pode fazer o time embalar. Para tal, o apoio da imensa torcida bem feliz é fundamental. A atmosfera das partidas contra Bahia e Fluminense levou o time a outro patamar e deixou uma certeza: a torcida, quando quer, faz a diferença.


O êxtase pelos bons resultados recentes não deve iludir o cidadão siberiano que comanda o clube com mão-de-ferro. É necessário muito trabalho para que o Vasco da Gama possa ter uma participação à altura de sua grandeza, mas a vontade de ir a São Januário e gritar que "o Vasco é o time da virada" voltou, junto com a esperança de dias melhores. Mesmo contra tudo e todos, um gigante adormecido ameaça se levantar, para o bem do futebol brasileiro. Que o respeito, tão pisoteado por administrações indecentes, também retorne de vez.

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